Salve! Jorge é da Capadócia, Viva Jorge!







Quem nunca cantou os versos de “moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza” ao final da festa nas “saideiras” tocadas pelas bandas? É um momento de grande animação, entusiasmo e um sentimento de euforia combinado com a sensação de “poxa vida, tá acabando a festa”! Pois hoje (22/03), a festa é para ele, Jorge Ben Jor. Afinal de contas, 74 anos de idade, 58 de carreira, 27 álbuns, dezenas de parcerias, ritmos e batidas é só para quem anda “vestido com as roupas e as armas de Jorge”.

Jorge Ben Jor, nasceu em 1945, na periferia do Rio de Janeiro, na favela da Rua do Bispo, bairro do Rio Comprido. Aos 16 anos, de posse do seu pandeiro, se une aos amigos da Tijuca e forma a Turma do Matoso, composta por Tim Maia, Erasmo Carlos e Roberto Carlos. Na biografia "Vale Tudo" de Tim Maia escrita pelo jornalista Nelson Motta, há vários episódios engraçados descritos entre os dois amigos Tim e Jorge. Não é por acaso que Jorge Ben Jor compõe W/Brasil para o síndico Tim Maia, retratando de uma forma bem humorada os devaneios do Tim nas madrugadas criativas acompanhadas do “disco voador”.

Hoje mais cedo, vendo a publicação de uma foto de Jorge Ben Jor e Gilberto Gil, fiquei pensando na quantidade de parcerias, aprendizados e inspirações para tantas criações fantásticas, e ao mesmo tempo fiquei imaginando os perrengues, as resistências aos seus novos ritmos e tantos outros obstáculos enfrentados nestes 58 anos da carreira musical de Jorge Ben Jor, que ganhou seu primeiro violão da mãe aos 18 anos e aprendeu a tocá-lo sozinho.

Tenho me dedicado a aprender a tocar violão e sei como é difícil, mesmo tendo à minha disposição cursos online, amigos e parceiros que me ajudam e inúmeras fontes de pesquisa sobre músicas, batidas e acordes. Fico imaginando como era para Jorge Ben Jor no início dos anos 60, um jovem pobre, preto, sem muitos recursos financeiros e musicais, se apoiando somente na vontade, no talento e nas oportunidades que surgiram em sua “trilha” musical.

Jorge Ben Jor iniciou sua carreira artística em 1961, tocando pandeiro com o Copa Trio, liderado pelo organista Zé Maria. Ele apresentou suas primeiras músicas no Little Club, no Beco das Garrafas, na época, um dos únicos lugares no Rio que tocavam jazz brasileiro e bossa nova. Ao mesmo tempo, ele atuava como cantor de rock na boate Plaza, onde Johnny Alf introduziu as harmonias de jazz que revolucionaram a música popular brasileira*.

De 1963, ano que marca o lançamento do seu primeiro álbum “Samba Esquema Novo” até 2007 com o seu, até então, último disco “Recuerdos de Asunción 443”, foram 27 álbuns em estúdio e mais de 100 obras se considerarmos as coletâneas, parcerias, tributos, singles, entre outras pérolas.

Seu talento em criar um vários suingues, juntar o “iê iê iê” com a bossa nova, ousar unir o samba e o rock no inconfundível ritmo “samba rock” é de uma ousadia incrível. É impossível não se render ao suingue dessa dança que acompanha esses balanços, numa pegada original e intensa.

Para nós, toda essa mistura de ritmos que compõem o legado da sua carreira ao longo desses anos, é motivo de celebração e reverência, acompanhada de alegria e muita dança. O próprio Jorge Ben Jor, nos idos de 1963 já cantava para o mundo todo ouvir,  


“Mas que nada
Sai da minha frente, eu quero passar
Pois samba está animado
Que eu quero é sambar
E esse samba, que é misto de maracatu
É samba de preto velho
Samba de preto tu…”
(Jorge Ben Jor)




Salve Jorge! Salve Simpatia!
22/03/2019




*https://www.meionorte.com/blogs/memoria/jorge-ben-jor-icone-do-samba-rock-completa-hoje-74-anos-331680


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