Vamos surfar a vida, sempre! Aloha!



Praia da Engenhoca, Itacaré/BA

A prática do surf é permeada por vários fatores externos (natureza, mar, swell, vento maral, vento terral, etc...) e internos (coragem, concentração, equilíbrio, determinação, diversão, etc). Antes de cair no mar o/a surfista tem que exercer o poder da observação e estar atento a uma série de fatores, dentre eles: onde fica o canal pra chegar no out side? qual é o tempo entre as séries das ondas? qual o tipo de fundo do pico - beach break, point break ou reef break? a direção e tamanho da ondulação está favorável ou não? qual é a direção vento? a maré está enchendo ou vazando? considerando todos os fatores citados, este é o melhor momento de cair no mar?

No filme “Tudo por um sonho”, o personagem Frosty, ao explicar para o jovem surfista Jay o significado das ondas Mavericks, reflete sobre o poder da observação das ondas e afirma que “pegar onda comum é praticar surf com todos os fatores a favor, mas pegar onda grande é ter que desempenhar todos os fatores contra você”. 

No surf, assim como em nossa vida, precisamos exercer um pouco mais o poder da observação e sentir o qual é o melhor momento de entrar no mar ou enfrentar um novo desafio. Precisamos ver e enxergar quais os fatores positivos e negativos e sempre procurar o ponto de equilíbrio entre pegar uma onda comum e uma onda grande. O que é significativo mesmo é como cada um, ao seu modo, consegue lidar com seus limites, medos, coragens e sentimentos, sem pressa, observando cada momento, cada ondulação, cada vento, cada correnteza e cada oportunidade de descer a parede sem medo de ser feliz, mesmo com o risco das "vacas" (elas fazem parte do processo de aprendizado, sempre!). 

Os medos fazem parte do nosso cotidiano, em especial quando estamos diante de novos desafios e novas experiências. Trata-se de uma forma de defesa e de teste para sabermos até que ponto vale o risco. No filme Frosty diz ao jovem Jay "o medo é saudável, o pânico é mortal". Numa sensação de medo, o corpo te deixa em alerta, mas numa situação de pânico podemos perder o controle da nossa mente, do nosso corpo e do nosso equilíbrio, seja numa "onda" grande ou pequena. 

Quando comecei a surfar há uns anos atrás, o medo de entrar no mar era constante. Sempre me vinha à mente a primeira experiência com o mar aos 08 anos de idade. Tomei uma "vaca" e por anos tive muito medo de entrar no mar. A vida me reaproximou do litoral anos mais tarde. 

Assim que cheguei em Ilhéus/BA, me senti atraída em me reconectar com o mar, de forma tranquila e no meu tempo, sem pressa. O surf foi um caminho possível de superar meus medos, romper barreiras e me aproximar desse território que escolhi para morar atualmente. Tenho conhecido novos/as amigos/as, estabelecido novas parcerias que vão além do mar. A vida tem me proporcionado uma imensidão de oportunidades de aprender diariamente com essas novas conexões e de como podemos também enfrentar nossos medos coletivamente, nos apoiando mutuamente. O surf, para mim, tem um significado especial de solidariedade, parceria, tranquilidade, paz, equilíbrio e coletividade, mesmo com cada um na sua "onda". 

As ondulações estão em constante formação e equilíbrio de acordo com o tempo meteorológico (temperatura, pressão atmosférica e umidade do ar). Assim também é a nossa vida composta de marés cheias, vazias, altas, baixas, ventos fortes, ventos leves, brisas suaves, etc. O mais importante é como lidamos com as oportunidades de "surfar" nossa vida, descer a nossa "onda" e mantermos nosso equilíbrio para chegarmos até na areia e/ou conquistarmos nossos objetivos, de forma tranquila serena e respeitando nosso tempo.

Aloha!

Comentários

  1. Uhauuuu não sabia desse seu dom literário ..lindo texto..Parabéns Fabi

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